No tempo quando eu era criança eu brincava em dias quentes de Verão à sombra dos sobreiros, junto à seara de trigo que era ceifado à foice. De calções envelhecidos pelo uso e lavagens, camisa de alças, pés descalços e rosto lambuzado
Era traquinas e ficava muito feliz quando o avô Ezequiel me deixava pegar a rédea do macho e conduzir a carroça. Os avós maternos viviam no meio da charneca a poucos quilómetros da aldeia, e eu era uma feliz criança que todo o dia brincava com o cão boby que tanto me lambuzava com as suas lambidelas a agradecer a comida que eu “roubava” à avó da cozinha
Recordo noites quentes de Verão em que os vizinhos vinham ajudar os avós na eira a descamisar milho, enquanto as folhas se iam despindo da maçaroca, cantarolavam-se cantigas que eu e o boby ouvia-mos atentos como se estivéssemos a presenciar noites festivas
Quando eu era criança, gostava de pisar a uva com o avô no humilde lagar da adega que ficava junto ao barracão onde pernoitava o tão trabalhador macho, era um macho dócil que gostava muito de caricias no rosto. O meu primo Augusto mais novo do que eu e vivendo próximo aos meus avós era a minha companhia dia a dia de inocentes brincadeiras de crianças
Sinto tamanha saudade dos meus dias de criança, tamanha saudade desse tão salutar tempo gravado no coração desde então
Saltam à corda
Brincam às escondidas…
Brincam felizes
Brincam divertidas
Criança
Que abraças os teus dias de sorriso aberto
Chova, faça frio ou faça sol
Para brincares é sempre tempo certo
És tesouro muito salutar
A tua vida seja um constante brilhar
Que quando fores adulto
Nunca deixes de a vida almejar
Criança que desenhas os teus dias
Como os coloridos desenhos
Que fazes na escola
Não chores, chuta tristezas
Como chutas a bola
Criança
Emanas cheiro como uma flor
És forma universal do amor
Criança
Que sejas feliz neste teu dia
E em todos os dias da tua vida
Sê feliz por ti
E por todos os adultos
Que para o serem, precisam de ti
Um abraço Amigo de uma criança que se fez homem