Há dois meses distante das minhas gentes, da minha charneca, mas em contacto permanente com o dia a dia de uma humilde aldeia situada em um vale a sul do Ribatejo. São gentes que me “viram” nascer, são jovens que eu “vi” nascer – comunidade de pessoas simples, humildes e hospitaleiras que gostam e sabem bem receber os outros de sorriso nos lábios
Todos se conhecem e todos com educação e respeito uns pelos outros se tratam por “tu” e eu por aqui no beijo de Sintra e Lisboa no dia a dia desta pandemia em vós eu penso e já miro a hora a que Deus me guiará por mais de cem quilómetros de estrada até esse lado do Tejo e do Sorria ao meu cantinho do Ribatejo
Passos darei sobre essa charneca e campo que tão bem conheço e o meu intimo faz sorrir
Apanharei morangos maduros na horta directamente para o meu degustar e voarei no júbilo dos dias com o voo dos pardais, dos melros e das cegonhas… cumprimentarei todos os meus, mantendo a distância e todos os cuidados de prevenção que os dias do presente pedem
Serei habitante do meu jardim, proteger.me-ei a mim e a todas as minhas conhecidas plantas do nosso tão colorido jardim do Ribatejo do tamanho agreste que ameaça seriamente poder vir a roubar ainda mais encanto à Primavera. Não há terra como a nossa e a saudade do nosso chão clama a todo o instante para o beijo-regozijo, alimento do ser e da alma
Querido Deus te suplicamos pelo viver, pelo usufruto da vida que nos dás, livra-nos deste tormento, estampa no caminhar dos nossos dias de volta o sorriso no privilégio de convívio entre todos nós por todos os cantos do mundo onde vida semeaste